Liturgia diária › 09/08/2017

4ª feira da 18ª Semana do Tempo Comum

1ª Leitura – Nm 13,1-2.25-14,1.26-29

Desprezaram uma terra de delícias

Leitura do Livro dos Números 13,1-2.25-14,1.26-29

Naqueles dias:
1 O Senhor falou a Moisés, no deserto de Faran, dizendo:
2 ‘Envia alguns homens para explorar a terra de Canaã,
que vou dar aos filhos de Israel.
Enviarás um homem de cada tribo,
e que todos sejam chefes’.
25 Ao fim de quarenta dias,
eles voltaram do reconhecimento do país,
26 e apresentaram-se a Moisés, a Aarão
e a toda a comunidade dos filhos de Israel,
em Cades, no deserto de Fará.
E, falando a eles e a toda a comunidade,
mostraram os frutos da terra,
27 e fizeram a sua narração, dizendo:
‘Entramos no país, ao qual nos enviastes,
que de fato é uma terra onde corre leite e mel,
como se pode reconhecer por estes frutos.
28 Porém, os habitantes são fortíssimos,
e as cidades grandes e fortificadas.
Vimos lá descendentes de Enac;
29 os amalecitas vivem no deserto do Negueb;
os hititas, jebuseus e amorreus, nas montanhas;
mas os cananeus, na costa marítima e ao longo do Jordão’.
30 Entretanto Caleb, para acalmar o povo revoltado,
que se levantava contra Moisés, disse:
‘Subamos e conquistemos a terra,
pois somos capazes de fazê-lo’.
31 Mas os homens que tinham ido com ele disseram:
‘Não podemos enfrentar esse povo,
porque é mais forte do que nós’.
32 E, diante dos filhos de Israel,
começaram a difamar a terra que haviam explorado,
dizendo: ‘A terra que fomos explorar
é uma terra que devora os seus habitantes:
o povo que aí vimos é de estatura extraordinária.
33 Lá vimos gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes;
comparados com eles parecíamos gafanhotos’.
14,1 Então, toda a comunidade começou a gritar,
e passou aquela noite chorando.
26 O Senhor falou a Moisés e Aarão, e disse:
27 ‘Até quando vai murmurar contra mim
esta comunidade perversa?
Eu ouvi as queixas dos filhos de Israel.
28 Dize-lhes, pois: ‘Por minha vida, diz o Senhor,
juro que vos farei assim como vos ouvi dizer!
29 Neste deserto ficarão estendidos os vossos cadáveres.
Todos vós que fostes recenseados,
da idade de vinte anos para cima,
e que murmurastes contra mim,
34 Carregareis vossa culpa durante quarenta anos,
que correspondem aos quarenta dias
em que explorastes a terra,
isto é, um ano para cada dia;
e experimentareis a minha vingança’.
35 Eu, o Senhor, assim como disse, assim o farei
com toda essa comunidade perversa,
que se insurgiu contra mim:
nesta solidão será consumida e morrerá’.
Palavra do Senhor.

Salmo – Sl 105,6-7a. 13-14. 21-22. 23 (R. 4a)

R. Lembrai-vos de nós, ó Senhor,
segundo o amor para com vosso povo!

6 Pecamos como outrora nossos pais, *
praticamos a maldade e fomos ímpios;
7a no Egito nossos pais não se importaram *
com os vossos admiráveis grandes feitos. R.

13 Mas bem depressa esqueceram suas obras, *
não confiaram nos projetos do Senhor.
14 No deserto deram largas à cobiça, *
na solidão eles tentaram o Senhor. R.

21 Esqueceram-se do Deus que os salvara, *
que fizera maravilhas no Egito;
22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis, *
no Mar Vermelho, tantas coisas assombrosas. R.

23 Até pensava em acabar com sua raça, *
não se tivesse Moisés, o seu eleito,
interposto, intercedendo junto a ele, *
para impedir que sua ira os destruísse. R.

Evangelho – Mt 15,21-28

Mulher, grande é a tua fé!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 15,21-28

Naquele tempo:
21 Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia.
22 Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região,
pôs-se a gritar:
‘Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim:
minha filha está cruelmente atormentada por um
demônio!’
23 Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma.
Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram:
‘Manda embora essa mulher,
pois ela vem gritando atrás de nós.’
24 Jesus respondeu: ‘Eu fui enviado somente
às ovelhas perdidas da casa de Israel.’
25 Mas, a mulher, aproximando-se,
prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar:
‘Senhor, socorre-me!’
26 Jesus lhe disse: ‘Não fica bem tirar o pão dos filhos
para jogá-lo aos cachorrinhos.’
27 A mulher insistiu: ‘É verdade, Senhor;
mas os cachorrinhos também comem
as migalhas que caem da mesa de seus donos!’
28 Diante disso, Jesus lhe disse:
‘Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!’
E desde aquele momento sua filha ficou curada.
Palavra da Salvação.

Reflexão – Mt 15, 21-28

Hoje, celebramos a festa de Sta. Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, padroeira da Europa. Viveu com coragem a sua conversão do judaísmo à Igreja Católica, e também com valentia enfrentou o martírio durante a II Guerra Mundial. Em diversas ocasiões, o Evangelho faz referência à expressão «Não temais». Na maior parte das ocasiões, fá-lo em momentos que se revestem de uma importância especial. Recordemos unicamente, como exemplo significativo, a Anunciação à Virgem Maria, Mãe de Deus.

Esta expressão sugere mais uma exortação positiva do que uma atitude negativa. Os textos imediatamente anteriores de Mateus (que lemos nos dias anteriores) mostraram a missão dos discípulos não isenta de dificuldades e perseguições. O texto de hoje é mais um convite à autêntica esperança. O verdadeiro discípulo tem de ser uma pessoa intrépida, audaz.

Por detrás destes termos pode-se encontrar aquilo que a Igreja formulou com o nome de “santo temor de Deus”, que é um dos sete dons do Espírito Santo. O Evangelho de hoje apresenta algumas características deste dom. Não se trata do medo propriamente dito, mas da maneira de viver a relação com Deus.

Se Ele, que é Pai, vela pelos seres humanos de um modo mais sublime do que o cuidado providente que tem pelos pássaros (cf. Mt 10,29.31), a relação que estabelece com a criatura mais excelente é, portanto, imensamente mais forte. O temor de Deus faz viver esta relação com respeito, com confiança, com a exigência e a responsabilidade daquele que sabe que o próprio Jesus o reconhecerá diante do Pai.

O verdadeiro discípulo vive animado por esta relação que só tem sentido quando é autêntica. E a verdadeira autenticidade mede-se pela parte humana, pois da parte divina já está abundantemente presente. Os santos ajudam a exprimir e a viver esta relação baseada no santo temor de Deus. Hoje, a recordação de Sta. Teresa Benedita da Cruz torna-a presente. Ela procurou-a e, uma vez que a encontrou, permaneceu nesta relação de fundo.

Colaboração: Padre Adriano Francisco da Silva, IVE

Fonte: CNBB