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“Eu me tornei servo de todos” (1Cor 9,19)
Prezados irmãos da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:
Cabe a mim, como Bispo Diocesano, no desempenho prioritário de meu ministério pastoral, a missão de acompanhar os presbíteros (padres) com amor constante e ternura paternal, procurando e promovendo o seu bem integral, a fim de que eles exerçam plena e autenticamente seu ministério a serviço do Povo de Deus. E, com não menor gravidade e prioridade, cumpre que eu zele pelo bem do rebanho a mim confiado em nome de Jesus, o Bom Pastor.
Como parte desta missão, incumbe-me escolher com especial diligência os padres que apascentam cada comunidade paroquial.
Queridos irmãos diocesanos: confesso-lhes, com toda sinceridade, que nem sempre há facilidade nesta tarefa. Mediante oportunas sondagens e observações acerca das exigências pastorais de cada paróquia, e levando em consideração as qualidades pessoais e os dons de cada padre, procuro escolher a pessoa que seja mais idônea e preparada a se inserir na nova realidade pastoral. Certamente, nesta missão não poderão faltar a oração e a inspiração do Espírito Santo. Torna-se também essencial a consulta aos padres que mais diretamente me auxiliam na direção de nossa Diocese, bem como aos membros do Conselho Presbiteral, constituído pelos representantes de cada uma das onze Regiões Pastorais.
Normalmente, as transferências fazem parte de qualquer instituição ou organismo. A permanência ilimitada na mesma função e no mesmo lugar pode, às vezes, criar maus hábitos, gerando comodismo e falta de entusiasmo com relação às tarefas a serem cumpridas. Pelo contrário, o novo, mesmo que no início possa assustar-nos, gera criatividade e confiança nas próprias capacidades diante dos desafios a serem enfrentados e superados.
Creio que, principalmente na Igreja, as transferências dos padres, que acontecerão no início do próximo ano (confira aqui) devem ser aceitas com serenidade e docilidade, a partir das seguintes considerações:
1. De certa maneira, as transferências lembram-nos do que afirma o autor da Carta aos Hebreus: “Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (13,14). Estamos sempre a caminho, em busca de uma nova e inimaginável realidade que nos será dada como permanente e eterna. Não adianta agarrar-se àquilo que não é definitivo e provisório!
2. No convite que o Bispo faz ao seu padre para se transferir para outra paróquia, não se pode esquecer jamais de que é a voz de Deus que dirige a sua Igreja. Abraão estava tão bem instalado na sua terra entre os seus, até o dia em que escutou a voz do Senhor. “O Senhor disse a Abrão: ‘Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar…’. Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito” (Gn 12,1.4).
3. O exemplo de Jesus é também extremamente iluminador. Ele veio para salvar todos e não limitou o seu ministério a um determinado povo ou se fixou numa única localidade. O Evangelista São Marcos conta-nos: “De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. Simão e os que estavam com ele se puseram a procurá-lo. E quando o encontraram, disseram-lhe: ‘Todos te procuram’. Jesus respondeu: ‘Vamos a outros lugares, nas aldeias da redondeza, a fim de que, lá também, eu proclame a Boa Nova. Pois foi para isso que eu saí’” (1,35-38).
4. No dia de sua ordenação presbiteral, o eleito aproxima-se do seu Bispo, ajoelha-se e põe as mãos postas entre as do Bispo. Este lhe pergunta: “Promete respeito e obediência a mim e a meus sucessores?”. O eleito responde: “Prometo”. A transferência torna-se assim um reavivar desta atitude de obediência filial ao Bispo e ao Povo de Deus ao qual ele é enviado.
5. Por fim, nunca é demais insistir sobre a importância da vivência da fraternidade presbiteral entre os próprios padres. Esta fraternidade nasce essencialmente do Sacramento da Ordem, como afirmava, de forma tão incisiva e profética, São João Paulo II: “O ministério ordenado tem uma radical forma comunitária e apenas pode ser assumido como obra coletiva” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores dabo vobis, Sobre a Formação dos Sacerdotes, n. 17a). Portanto, a vida de comunhão entre os padres é, sem dúvida, um dom de Deus que precisa ser cultivado e fortalecido por parte de todos. A atitude do padre em aceitar, alegre e generosamente, a indicação do Bispo para exercer seu ministério em outra paróquia, manifesta e aprofunda os laços solidários e fraternais entre todos os padres, sem criar qualquer forma de privilégio, distinção ou favorecimento.
Queridos irmãos diocesanos: exorto-os vivamente a acolher nos seus corações e nas suas comunidades os presbíteros que iniciarão sua nova missão nos próximos dias. Não se esqueçam de que há muita verdade no seguinte dizer: “Se é verdade que é o padre que configura e molda a paróquia, é igualmente verdade que é a comunidade que configura e molda o seu padre”. E, de coração, agradeço a todos os padres que aceitaram meu pedido para a transferência. “Benditos são aqueles que vêm em nome de Jesus, o Bom Pastor”!
Que Maria, Mãe de Jesus e dos Sacerdotes, seja presença sempre amorosa na vida e no ministério dos seus filhos, os padres, para que, como ela, possam dizer: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
E a todos abençoo, e de um modo especial, os meus padres que em breve iniciarão uma nova missão na nossa Igreja.
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundiaí
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