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Por que orar: “Senhor eu creio, mas aumentai a minha fé”?
Prof. Felipe Aquino › 26/07/2018
Agir pela fé é lutar contra o medo que nos paralisa e nos tira da luta
A palavra de Deus diz que “o justo viverá pela fé” (Hab 2,4; Rom 1,17); e que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6). Jesus repreendeu seus apóstolos várias vezes pela falta de fé deles. Ora, se eles, com Jesus presente, tiveram falta de fé, então, para nós também não é fácil; por isso precisamos pedir sempre: “Senhor, eu creio, mas aumenta minha fé!”.
A vida na fé é um abandono nas mãos de Deus, é o que Deus mais quer de nós. O Pai ama saber que o filho confia nele. Sem fé é impossível fazer a vontade de Deus; uma coisa depende da outra. E sem fazer a vontade de Deus não O agradamos.
Viver pela fé não é algo fácil, só é possível pela graça de Deus e muita perseverança na oração.
Viver pela fé é um exercício continuo de se confiar a Deus, especialmente nas horas mais difíceis. Especialmente nessas horas sentimos a nossa fraqueza, então, a fé nos socorre. Ao experimentar o socorro da graça São Paulo exclamava: “Tudo posso naquele que me sustenta” (Fl 4,13).
Quando ele pediu ao Senhor que o livrasse do “espinho na carne”, que ele dizia que era como “um anjo de Satanás a esbofetear-me”, o Senhor lhe disse: “Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela toda a minha força” (2Cor 12,7-9).
Também nós pediremos muitas vezes que o Senhor tire esse duro “espinho” de nossa carne, e o Senhor poderá nos dizer também: “ainda não”, mas não nos deixará faltar o auxílio da sua graça. Na fé temos que acreditar no que disse São Paulo: “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (1Cor 10,13).
A Igreja coloca para nós, como “ícones da fé”, a Virgem Maria e Abrão. Ela entregou sua vida a Deus como alguém que entregue um cheque em branco assinado ao credor. “Faça-se em mim segundo a Tua vontade”. Ela não sabia de tudo que teria de sofrer por Ele! O parto numa gruta fria dos animais, uma fuga terrível para o Egito, a perda do Menino em Jerusalém, as ofensas e perseguições que Jesus sofreu, por fim, o Calvário doloroso… Mas não lhe faltou a graça de Deus. Esta é sempre proporcional ao tamanho da missão que Deus nos dá.
É nesta hora que temos de responder a Deus na linguagem da fé, e dizer como Jó à sua esposa: “Aceitamos a felicidade da mão de Deus; não devemos também aceitar a infelicidade?” (Jo 2,10). Ou ainda, quando perdeu todos os seus filhos e todos os seus bens, manteve-se fiel a Deus: “Nu saí do ventre da minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jo 1,21).
Caminhar pela fé, abandonar-se em Deus, é crer e aceitar de bom grado “toda” a vontade de Deus para a nossa vida, qualquer que ela seja, em qualquer situação, sem reclamar, sem lamuriar, sem blasfemar. O livro do Eclesiástico diz: “Aceita tudo o que te acontecer”, e ensina porque: “pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação” (Eclo 2,1-6).
As piores ervas daninhas de nossa alma são arrancadas por Deus pelo fogo das provações. Nesta hora é preciso repetir, para nós mesmos: “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rom 8,28), até que esta verdade impregne a nossa alma, tome conta dos nossos pensamentos, sentimentos e ações. É um exercício que precisa ser repetido por toda a vida.
As barreiras mais difíceis de nossa santificação podem ser vencidas pela fé e pela paciência. “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23), garantiu Jesus; e “é por isso que a fé é o fundamento da esperança” (Hb 11,1).
Diante das dificuldades – que na verdade são momentos de crescimento e santificação – São Paulo recomendava:
“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!… O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fil 4,4-6).
A alegria cristã é uma das manifestações da santidade. São Francisco de Sales dizia que “um santo triste é um triste santo!”. Essa alegria brota no coração daquele que conseguiu, pela fé, “descansar” em Deus, mesmo diante das dificuldades. Saber superar as horas difíceis no “combate da fé” nos faz mais santos. São João nos lembra que “E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1 João 5,4).
São Paulo recomendou aos efésios: “Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6,16).
Diante das dificuldades de cada momento, a resposta da fé é “não se inquietar com nada”, não permitir que a alma entre em pânico e fique perturbada. É exatamente isso que o demônio deseja, pois ele sabe que nessa situação nós nos tornamos uma presa fácil. A alma perturbada e amedrontada não consegue meditar, não consegue rezar e se torna fraca, diz são Francisco de Sales.
É preciso, com o escudo da fé resistir a tudo o que nos amedronta. E a reação deve ser como São Paulo nos ensina: “apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fil 4.6).
A melhor maneira de reagir nas horas difíceis é a “oração de louvor”, dando graças a Deus por tudo, estar nas Suas mãos santas e poderosas, certos de que “até os cabelos de nossa cabeça estão contados” (Mt 10,30) e que “nenhum passarinho cai por terra sem a vontade de Deus” (29).
São Paulo insiste nesta oração de ação de graças nas horas difíceis.
“Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1 Tes 5,16). Dar graças em “todas” as circunstâncias é um grande ato de fé que agrada sobremaneira a Deus, nos santifica e fortalece a nossa fé para enfrentarmos combates maiores. Agir pela fé é lutar contra o medo que nos paralisa e nos tira da luta.
Muitas vezes encontramos na Bíblia essa expressão: “Não temas!” Para afugentar o medo o Apóstolo lembra aos romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31). “Quem nos separará do amor de Cristo?” (35). O salmista afugenta o medo de sua alma cantando:
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei?
O Senhor é o protetor da minha vida, de quem terei medo?
Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança” (Sl 26,1-3).
O medo será sempre a pior resposta às dificuldades. Temos que implorar ao Senhor a graça de nada temer. O Salmo 90 (91 hebraico) é a mais bela oração de um coração para afastar para longe o medo e se refugiar sob as asas de Deus. É preciso repeti-lo muitas vezes, até de memória, para rezá-lo a qualquer momento. É a oração da Confiança!
Deus sempre recriminou o medo do seu povo, no Antigo Testamento.
“Quando saíres à guerra contra teus inimigos e vires cavalos, carros e um exército mais numeroso que o teu, não tenhas medo, porque o Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito, está contigo” (Deut 20,1).
Essa é a esperança que deve afugentar o medo: “O Senhor teu Deus está contigo”. Jesus ressuscitado caminha conosco!
Por Prof. Felipe Aquino, via Aleteia
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