Entrevistas

Papa Francisco, um comunicador para o mundo moderno

Aleteia › 23/08/2017

Entrevista com Fernando Cordero, jornalista, sacerdote e autor de ‘Master Chef of Holiness’

O sacerdote e jornalista Fernando Cordero é o novo diretor da centenária Revista 21. Para ele, o papa é um bom modelo de comunicação porque suas palavras e atos são coerentes – e a Igreja, com suas boas ações, oferece muitas histórias que inspiram a esperança.

A comunicação da Igreja é um assunto inesgotável. O que está sendo feito corretamente?

Muitas coisas estão sendo feitas corretamente, em diferentes áreas, desde as comunicações da Santa Sé até as dioceses e congregações, incluindo muitas paróquias, que são exemplos brilhantes de como fazer o que é certo, fornecendo histórias que preenchem as pessoas que as ouvem – um público que é mais variado e “católico” (isto é, universal) a cada dia – com esperança e compromisso.

Na era digital atual, a Igreja está presente e está fazendo as pessoas pensarem, o que contrasta com uma maneira de fornecer informações que poderiam tender a lidar em questões superficiais ao invés de tocar em temas substanciais.

A comunidade eclesial, onde há muitas pessoas comprometidas, oferece milhares de exemplos de boas notícias sob a forma de tweets ou reportagens, mas também não permanece em silêncio diante de injustiças em uma aldeia global na qual, às vezes, parece que perdemos nosso caminho.

É por isso que a palavra da Igreja ressoa vigorosamente, e é reconhecida tanto nos Estados Unidos como na Venezuela – ou na Europa, em relação às preocupações com os refugiados –, apenas para citar alguns exemplos.

Este papa se comunica bem, embora não tenha estudado comunicação. Então… qual é a origem dessa boa comunicação?

Isso vem de sua transparência, sua veracidade e sua autenticidade. O papa simplesmente comunica o que ele vive, o que ele acredita. Ele está perto de todos, porque se sente identificado com Jesus de Nazaré, com Francisco de Assis, com Inácio de Loyola… Ele se comunica porque não quer esquecer os que estão no centro do Evangelho: “Bem-aventurados os pobres”.

Os católicos, com suas editoras, revistas, estações de rádio, programas de televisão… conseguem evangelizar um mundo que nem sabe se quer ser salvo?

Eles conseguem ser o fermento na massa. Se todos esses meios de comunicação não existissem, eles perderiam. Eles cumprem uma missão: são um convite, dirigido aos homens e mulheres de hoje, para que eles sejam verdadeiramente felizes. Não são meios de “doutrinação”; eles são meios de comunicação que estão trabalhando na fronteira, concentrando-se em situações que devemos continuar a lutar para melhorar e entender mais profundamente.

Talvez muitos não usem o idioma da “salvação”, mas falam de amor, de doação incondicional de si mesmo, de generosidade ilimitada. Adaptar o nosso idioma ao nosso público e usar imagens e metáforas efetivas pode ajudar a divulgar as boas notícias. Bento XVI nos convidou para o “átrio dos gentios”. Penso que esta é uma instrução muito sábia e necessária.

Está sendo fácil ser padre e jornalista?

Eu queria ser jornalista desde que eu era adolescente. Atualmente vivo na comunidade religiosa do Sagrado Coração em Barcelona, ​​onde somos responsáveis por uma igreja; alguns de nossos religiosos também realizam o trabalho pastoral como professores na Escola do Padre Damien do Sagrado Coração. Continuarei a combinar esta missão com o meu papel como diretor da Revista 21.

Na minha província religiosa, eu estou a cargo das comunicações internas. Eu acho que ser jornalista lhe dá uma variedade de possibilidades, seja ao escrever um artigo ou preparar uma homilia. Nós colocamos muita ênfase no campo das comunicações, sem dúvida. Eu pessoalmente entendi isso como um serviço à Igreja.

Você será o diretor de uma revista da Igreja com quase 100 anos de idade. Como uma revista como a Revista 21 pode ajudar neste momento?

A Revista 21, que fará 100 anos em maio de 2018, é um periódico mensal, publicado pela Congregação do Sagrado Coração. Revista 21, que antes era chamada de Reino Social, continua a ser fortemente inspirada pela vida de São Damião de Molokai, apóstolo dos leprosos. Desde o início tentou ecoar a Boa Notícia entrando em diálogo com o mundo; hoje, continua por esse caminho de ajudar as pessoas a pensar, refletir e compreender mais profundamente o mistério do ser humano, assim como a Igreja nos convida a fazer. Isso significa que apresentamos aos nossos leitores situações diferentes, especialmente a condição de pessoas que sofrem de alguma forma de exclusão e que são as mais frequentemente descartadas na vala ao lado da estrada da vida.

Por Aleteia

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