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Como seguir os passos dos santos e viver uma vida de santidade?

Canção Nova › 27/04/2018

Os santos são professores e exemplos de uma vida em santidade

Além de um exemplo de seguimento ao Cristo, os santos nos deixaram verdadeiros mapas para guiar-nos até a santidade plena.

O bom senso nos diz que, a melhor maneira de se aprender a cozinhar é com um grande cozinheiro. Quer saber trabalhar com madeira? Tenha como professor um bom marceneiro. Quer ser santo? Aprenda com aqueles que “tendo ensinado a muitos o caminho da justiça, resplandecerão como as estrelas eternamente” (Dn 12, 3).

Aqueles que desenvolveram a Ciência dos Santos têm, em primeiro lugar, o desejo de que nos santifiquemos e alcancemos a eterna glória, da qual eles mesmos já são participantes. Para isso, nos iluminam, intercedem por nós junto a Deus, e deixaram na terra vários testemunhos práticos os quais devemos conhecer e seguir.

Olhe com atenção para toda a vida dos santos

Infelizmente, tendemos a olhar para os santos em seu estado último de santidade reconhecida e desanimar. Assim, entre os milagres que realizaram; a conduta perfeita que tinham; o seguimento exato do Evangelho que praticavam e a nossa vida atual, abre-se um imenso abismo. Eles permanecem no altar e nós abaixo, muito abaixo deles.

Vale a pena conhecer mais de perto os relatos da vida deles, para ver como eles trilharam o caminho da perfeição espiritual, como venceram cada etapa e, para o propósito específico desta série de artigos, o que eles nos ensinam sobre o caminho de santidade.

É consolador saber que o padroeiro das missões, São Francisco Xavier, antes de ser santo, só queria levar uma vida de honra e prestígios humanos em Paris e se incomodava profundamente toda vez que, (São) Inácio de Loyola, lhe citava a Palavra do Senhor: “de que se aproveitará o homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a própria alma” (Mc 8, 36). Ficava tão incomodado a ponto de reclamar da presença de Inácio, e procurar evitá-lo sempre que possível.

Santa Teresinha relata como teve de vencer sua sensibilidade excessiva e seu histórico de filha mimada; Santa Elisabeth da Trindade conta como foi obrigada a controlar seu temperamento explosivo, se queria realmente amar a Deus com todas as suas forças. Esforços humanos e ascéticos para se desenvolverem na santidade.

Os Santos no Caminho Espiritual

Se o conhecimento da vida dos santos nos permitem seguir suas pegadas (Ct 1, 8) rumo à santidade e escolher (ou ser escolhidos) por aqueles que nós nos assemelhamos em caráter e dificuldades, alguns de seus escritos construíram verdadeiras estradas pavimentadas para se alcançar a Deus. Sobre esses retornaremos inúmeras vezes nesta série “Caminho Espiritual e as Moradas“, e utilizaremos seus ensinamentos sistematicamente.

Santa Teresa de Jesus, no seu livro “Castelo Interior ou Moradas”, estabeleceu o caminho da conversão até a plena união com Deus em sete níveis ou moradas e, conseguiu dar toda a dimensão do caminho de santidade, comparando a nossa alma com um castelo. Assim, se a Teologia Ascético-Mística já havia definido que existiam duas grandes etapas: uma primeira etapa ascética e uma segunda etapa mística, com Santa Teresa, ficou claro em quantas “moradas” se compõem nossa vida espiritual e as três primeiras moradas pertencem a etapa ascética, e a partir da quarta morada inicia-se a etapa mística.

Não podemos deixar de citar o importantíssimo trabalho dos padres e teólogos (majoritariamente dominicanos) do início do século XX, que conseguiram reunir e relacionar toda a tradição dos diversos caminhos de santidade com a teologia de Santo Tomás de Aquino e a obra dos místicos carmelitas. São eles: Reginald Garrigou-Lagrange, Antonio Royo-Marin, Juan Arintero, Adolphe Tanquerey, etc.; várias de suas obras são publicadas ainda hoje e, também, nos ajudarão a construir esse mapa para a santidade.

Assim, utilizaremos o Castelo Interior como a base que nos dá a dimensão de cada morada, ou seja, de cada etapa da vida espiritual, mas várias outras experiências-metáforas serão utilizadas para o pleno entendimento de cada morada, e também, para que possamos compreender o caminho que nos leva à plena união com Deus. Mais do que um convite a compreender, trata-se de um convite para se viver em plena santidade.

Aos que já se decidiram por chegar ao cume da perfeição, com o sustento da graça de Deus, convido para esperar ativamente o próximo artigo onde entraremos no “Castelo Interior da Alma ou Moradas”. Ativamente pois, ao se dirigir Àquele que é três vezes Santo, só caminham verdadeiramente os que se decidiram a abandonar de vez o pecado e todas as suas manifestações. Assim, prepare-se fazendo um excelente e completo exame de consciência, frequente com eficácia o Sacramento da Penitência. Desse modo, quando menos esperarmos, já estaremos indo ao encontro do Senhor do Castelo.

Por Flávio Crepaldi (via Canção Nova)

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