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Como eu, leigo, posso ajudar na construção do Reino de Deus?

Prof. Felipe Aquino › 08/05/2018

Você não só “frequenta” a Igreja: você “é” Igreja!

Os leigos são todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do estado religioso; os que foram incorporados a Cristo pelo Batismo, que formam o Povo de Deus, e que participam da função sacerdotal, profética e régia de Cristo.

Os leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja, no mundo secular e precisam ter uma consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de “serem” Igreja.

O leigo tem como vocação própria, estabelecer o Reino de Deus exercendo funções no mundo, no trabalho, na cultura, na política, etc., ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo chega aonde o sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes de trevas, de pecado, de injustiça, de violência, etc.. Assim, no mundo do trabalho, levando tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador, se santifica e santifica o trabalho. Ele constrói o mundo pelo labor, e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se co-criador com Deus.

O Concílio Vaticano II resgatou a atividade do leigo na Igreja: “Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social” (CIC, §906).

Antes do Vaticano II o leigo não era um pregador; hoje é comum um leigo estar pregando em Encontros, rádios, televisões, retiros, catequese, etc..

Todos os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação. Diz o Catecismo que “eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra… Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito” (CIC, §900).

“Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da Igreja, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles.” (CIC, §. 910)

Os leigos podem cooperar juridicamente no exercício do poder de governo da Igreja, participando nos concílios particulares, nos sínodos diocesanos nos conselhos pastorais; do exercício do encargo pastoral de uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos econômicos; da participação nos tribunais eclesiásticos etc. (CIC, §911)

O Código de Direito Canônico dá ao leigo o direito e o dever de dar a sua opinião aos pastores:

“De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis. (CIC, §907; Cânon 212,3).

Assim, os leigos devem se manifestar aos outros e aos pastores, quando observa que algo errado se passa na Igreja: ensinamentos discordantes com o Magistério da Igreja, conduta incorreta de pessoas do clero, etc.

Os leigos devem impregnar as realidades sociais, políticas, econômicas, com as exigências da doutrina cristã. Os papas têm chamado os leigos a atuar especialmente na política, que é boa, a arte do bem comum. O que não presta é a politicagem e o politiqueiro.

O Papa Francisco disse que “a política anda suja” porque os cristãos se afastaram dela e não a impregnaram com o Evangelho. E pede que dela participem. Muitos cristãos leigos pecam por omissão política. Quantos cristãos dão seu voto a pessoas que não são idôneas, que não comungam com os valores cristãos! Muitos leigos ainda “vendem” o seu voto e a sua consciência, por um favor recebido.

João Paulo II, na “Christifidelis laici”, disse que “os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na “política”, destinada a promover o bem comum…” (n.42).

O Papa Bento XVI pediu: “Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada… e paixão pelo serviço ao bem comum.”(Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de 2008).

Mas, para que o leigo realize esta missão tão importante na Igreja, ele tem de ser bem formado em sua fé, conhecendo bem a doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja, especialmente o Catecismo, e ter uma vida espiritual sadia, com participação nos sacramentos, meditação da Palavra de Deus, vida de oração, meditação, participação na pastoral, penitência e caridade. Enfim, buscar uma vida de santidade.

Por Prof. Felipe Aquino

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