Igreja no Brasil

A Eucaristia e a Missão

Pe. Enéas de Camargo Bête › 12/10/2021

Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a vida cristã. Por ela nos é permitido entrar em íntima comunhão com Cristo e em comunhão com todos os membros do seu Corpo Místico que é a Igreja. Tal comunhão se fundamenta sobre a completa comunhão dos vínculos pela profissão de fé, pelos sacramentos e pelo governo eclesiástico, tanto que, não é possível concelebrar a mesma liturgia eucarística sem que esteja restabelecida a integridade de tais vínculos.

Santo Tomás de Aquino nos ensina, na Expositio Credo, que “o amor se comunica”. O amor quer ser falado, quer ser comunicado. Constatamos isso no dia a dia: um casamento é motivo de muita alegria, um filho que nasce faz com que os pais transbordem de felicidade, uma ordenação presbiteral desperta sentimentos celestes numa comunidade… se repararmos, não passamos esses momentos sozinhos; queremos comunicá-los, ou seja, queremos comunicar o amor. Ora, se Deus é amor, se Jesus é Deus e se a Eucaristia é Cristo ao comungarmos recebemos a comunicação do amor de Deus e, por consequência ontológica da Eucaristia, haverá um desejo de comunicar esse amor. E essa é a raiz missionária da Eucaristia: “Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária… Não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens; assim, a tensão missionária é parte constitutiva da forma eucarística da existência cristã” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 84).

Então, a conclusão que tiramos é que comungar é decidir caminhar, romper barreiras e limites, desprender-se, abraçar o novo, o desconhecido, acolher a dinâmica do Reino, que abarca a itinerância e a inquietude missionária; nos tornamos assim hóstias vivas e ostensórios do Senhor para o anúncio do Evangelho. “Sem dúvida, o Espírito Santo é o principal protagonista da Missão: Ele torna presente a obra da Salvação de Jesus, radicada na Cruz. O Espírito Santo age através dos Apóstolos, mas, ao mesmo tempo, opera nos que acolhem o anúncio missionário. Portanto, toda a Igreja é protagonista da Missão, tendo o seu Bispo Diocesano e os presbíteros como os primeiros missionários da Diocese, bem como os diáconos permanentes, os seminaristas, os religiosos e as religiosas e, atuando nos vários ambientes, tantos leigos e leigas, de importante e insubstituível presença, engajados na vida comunitária” (Dom Vicente Costa. Carta Pastoral: As Santas Missões Populares).

Por Pe. Enéas de Camargo Bête

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