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Tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”
Lema: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (cf. 1Ts 2,8)
Prezados irmãos da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:
O mês de setembro, para os católicos no Brasil, é o mês dedicado à Bíblia. Isso ocorre desde 1971, quando surgiu esta louvável iniciativa por ocasião dos 50 anos da Arquidiocese de Belo Horizonte − MG, sendo posteriormente assumido como um projeto de Evangelização pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB). O mês de setembro foi escolhido porque no dia 30 de setembro, no Ano Litúrgico da Igreja, comemora-se a Memória de São Jerônimo, o qual traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim. Este santo da Igreja levou cerca de trinta e cinco anos fazendo essa tradução nas grutas de Belém, na Palestina, vivendo em oração e penitência. Ficou conhecida como Vulgatae tornou-se a tradução latina em uso da Igreja Latina. Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), a Vulgata passou por uma revisão chamada Neovulgata. A Bíblia com a tradução da CNBB e os textos litúrgicos se baseiam nesta última revisão da Vulgata.
O mês da Bíblia tem por objetivo: contribuir para o desenvolvimento de uma maior valorização da Bíblia na ação evangelizadora da Igreja, como também animar e reforçar a fé e a esperança de nossas comunidades através do estudo, da reflexão e da prática da Palavra de Deus. Anualmente, a CNBB propõe para o mês de setembro o aprofundamento de um livro ou um tema bíblico. Este ano traz como proposta de estudo da 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, tendo como tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, e como lema: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (cf. 1Ts 2,8). Este lema é bastante evocativo, pois lembra as grandes experiências evangelizadoras do apóstolo Paulo, discípulo apaixonado pelo amor a Jesus e missionário incansável dos povos. Deste modo, o Mês da Bíblia deste ano quer nos aproximar do testemunho missionário dos primeiros cristãos da Tessalônica. Quer buscar uma luz e inspiração para o nosso testemunho cristão no mundo de hoje, para que, em Jesus, todos os povos “tenham vida, e vida mais plena” (cf. Jo 10,10).
A cidade da Tessalônica era a capital da Macedônia, na Grécia (atualmente a cidade é chamada Salônica). Era perpassada pelas grandes estradas do Império Romano, localizava-se próximo do mar e possuía um grande porto, onde chegavam navios do mundo todo da época. Tudo isso facilitou a diversificação de sua população: várias culturas, línguas, religiões, superstições, tradições, etc.
A origem da comunidade cristã de Tessalônica pode ser lida em At 17,1-9. Durante a segunda viagem missionária, que durou cerca de três anos (49-52 d.C.), Paulo, Silas (Silvano) e Timóteo, durante três sábados seguidos, participaram das orações na sinagoga e aí apresentaram o anúncio cristão, mas sem muito sucesso. Isso porque Paulo apresentava Jesus como o Messias, o Esperado das Nações, o verdadeiro e único Rei das nossas vidas. A agitação foi grande e desembocou na expulsão de Paulo da cidade sob a alegação de insurreição política aos decretos do Império de Roma (cf. At 17,5-8). Mas mesmo assim, ele conseguiu desenvolver seu trabalho missionário e fundar aí uma comunidade cristã. Paulo, então, continuou sua viagem e chegou finalmente a Atenas (cf. At 17,15), enviando antes Timóteo (cf. 1Ts 3,1-2), para ver como estava a jovem comunidade cristã de Tessalônica. Reencontrou Timóteo e, ao obter boas notícias de que a comunidade continuava fervorosa e ativa, decide escrever-lhe uma carta. Foi o primeiro escrito do Novo Testamento, que nasceu no final do ano 50 ou início do ano 51 da nossa era. Nessa Primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo, pela primeira vez, emprega a palavra “Evangelho” (cf. 1Ts 1,5, por exemplo).
Na sua carta, Paulo agradece a Deus pela fraternidade que une a comunidade recém-nascida. Até faz um grande elogio à comunidade: “Assim vos tornastes um modelo para todos os fiéis” de outras Igrejas (1Ts 1,7). Doutro lado, porém, Paulo lembra as dificuldades e os problemas desta comunidade cristã, pois ela se forma em meio à luta, perseguição, trabalho árduo e incessante. Contudo, grande é o amor de Paulo por esses cristãos. Ele se dirige a eles “como um pai faz com seus filhos” (1Ts 2,11) ou “como uma mãe que acalenta os seus filhinhos” (cf. 1Ts 2,7), manifestando-lhes o seu afeto e ternura: “Vós sois testemunhas – e Deus também – de que sempre vos tratamos com religioso respeito, com justiça e com toda a distinção, a vós que abraçastes a fé” (1Ts 2,10).
Queridos irmãos diocesanos: grandes são os ensinamentos da 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses. Entre tantos outros, gostaria de destacar alguns para sermos discípulos apaixonados e missionários fervorosos do Evangelho de Jesus Cristo.
(1) Viver a Fé, Esperança e Caridade: “Diante de nosso Deus e Pai, lembramo-nos da ação de vossa fé, do esforço de vosso amor e da constância de vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (cf. 1Ts 1,3). E ainda: “mas, nós, que somos do dia, estejamos sóbrios e revestidos com a couraça da fé e do amor, tendo a esperança da salvação como capacete” (cf. 1Ts 5,8). Portanto, Paulo nos ensina que é pela Fé que acreditamos em tudo o que Deus nos revelou; é pela Esperança que somos amparados nas promessas de Cristo para demonstrarmos nossa firmeza nas tribulações; e é pela Caridade que amamos a Deus e ao próximo, “porque vós mesmos aprendestes de Deus a vos amar uns aos outros como a nós mesmos” (1Ts 4,9).
(2) Anunciar o Evangelho com firmeza e ternura: “o nosso Deus nos deu coragem e segurança para vos anunciar seu evangelho, em meio a muitas lutas” (1Ts 2,2). Portanto, o missionário não pode ser autoritário, não usar de bajulações (1Ts 2,5) e nem buscar seus próprios interesses ou privilégios. Paulo deu o exemplo, pois “trabalhou noite e dia para não ser pesado a ninguém (cf. 1Ts 2,9), disposto “a dar a própria vida pelos seus, tão caros que lhes eram” (cf. 1Ts 2,8).
(3) Perseverar nas dificuldades e na perseguição: “que ninguém fique abalado em meio às tribulações presentes” (1Ts 3,3), mas sermos solidários, persistentes na oração e fortalecidos sempre na confiança em Deus, nosso Senhor.
(4) Crescer na santidade: “a vontade de Deus é que sejais santos” (1Ts 4,3), sempre persistentes na oração, “levando uma vida digna de Deus, que vos chamou para o seu reino e glória” (cf. 1Ts 2,12).
(5) Viver a solidariedade, a fraternidade e a comunhão: “conservai a paz entre vós” (1Ts 5,13), “procurai sempre o bem entre vós e para com todos” (1Ts 5,15), “estando sempre alegres” (cf. 1Ts5,16).
O lema do Mês da Bíblia 2017: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (cf. 1Ts 2,8), não podia ser mais oportuno para a nossa querida e amada Diocese de Jundiaí, que em seu Jubileu de 50 anos de fundação, assume ainda mais, com o projeto das Santas Missões Populares, o anúncio da mensagem salvadora e libertadora do Evangelho. “As SMP são um novo jeito de evangelizar, uma nova maneira de ser Igreja, uma das formas de colocar a Igreja em estado permanente de missão”, como bem lembrei na minha Carta Pastoral por ocasião da convocação das Santas Missões Populares (12/04/2015).
Desejo a todos uma boa leitura e reflexão da 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses bem como um amor ardente à missão de anunciar o nome e o amor de Jesus Cristo.
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convoco!” (1Ts 5,28).
A todos abençoo.
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundiaí
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